Saturday, October 07, 2006

Há qualquer coisa diferente aqui, hoje. Nestas paredes. O que é não sei, mas persiste. É qualquer coisa nova, que me prende o olhar e me pára o coração. Deixo de respirar por fracções de segundo, voltando tudo ao normal e este quarto volta a ser o mesmo que desapareceu. As imagens estão espalhadas pelo chão como fragmentos de uma nuvem aberta que entra pela janela fechada. É preciso impedir o desassossego. É importante manter na calma a ordem tranquila das coisas. Num sorriso ter o mundo e num repente não ser nada. Abrir a mão e deixar entrar, com passos apressados a alma compartimentada. Há fragmentos de mim que não sei quem são. Há tantas perguntas que desconheço, e tenho uma mão cheia de respostas para dar. Há tanto por vir e o espaço que se preenche com o nada, até que o porvir venha e tudo seja impossível de realizar. Apenas para se lamentar aquilo que já não é. O que nunca foi porque assim se quis, embora se desejasse o contrário.
A distância que te prende é como um íman que me atrai. Estou longe porque assim me coloco, mas anseio que o íman me cole a ti. Que ideias vagueiam por este quarto? Têm que ser diferentes, senão as paredes não seriam assim! O branco já não é branco. É um branco diferente, entrecotado pela escuridão dos pensamentos. É preciso acender uma luz que disfarce este negrume, mas o interruptor partiu para um destino mais feliz. A cabeça já não funciona porque aquilo que o era, já não o reconhece mais. Pára. Espera pela última palavra. Retrocede ao ponto máximo da tua galáxia e recupera aquilo que não foi. Agarra e junta as tuas fantasias. Agora sou apenas um. É nele que vive sem receio. O tempo é escasso demais para repeti-lo. E, porém, pensá-lo torna-se tão absurdamente necessário que um dia longe do passado se torna uma tormenta. E hoje já não há espaço para mais nada. O protagonismo não passa por aqui. É a hora da verdade. Não dizer mais nada, pois só no silÊncio não há mentira, a não ser quando esta se esconde naquele que mente a si próprio para não se reconhecer. O prtagonista é outro. Esconde-se aqui e ali exibindo-se no seu secretismo. E ali volta porque nelas tem o seu lugar. Já o mundo sabe que as paredes continuam iguais.

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