Friday, January 15, 2021

E dou por mim neste momento a não me lembrar mais de como era a paixão que sentia. É engraçado, já que tantas vezes aqui escrevi como sentia, apenas com o objectivo de não o esquecer. E, ainda assim, o esqueci.

Não que tenha esquecido quem és ou o que significavas para mim. Apenas esqueci aquela adrenalina, aquele calor, aquela emoção de te sentir perto e ao mesmo tempo longe. Esqueci como eram as noites ao pé de ti, entre o toque e o não toque. O sorriso e o olhar. O beijo que eu queria e nunca chegou naquela cave escura. 

E aqui, neste momento, à luz dos anos que passaram (tantos, tantos), consigo sentir novamente o calor no peito e as borboletas no estômago. Afinal o que existiu em mim ainda existe. Quem eu fui ainda resta. Ainda sou. Eu.

Wednesday, August 05, 2020

Reencontro

Há dias em que volto a mim, àquela pessoa que eu fui e tenho saudades. Não me reconheceria se me visse desde atrás. As palavras não são as mesmas, custam a escrever e doem. As mãos não deslizam com a facilidade de antes. Nada parece certo e a tudo falta algo. Insatisfação. O defeito dos defeituosos que não se conformam com aquele lugar onde a vida os levou. 
É estranho ler tudo aquilo que escrevi antes e pensar em escrever algo hoje, sentindo que nada do que foi dito poderá ser repetido. Não porque fosse impossível copiar, mas porque não faria sentido. Dei por mim a olhar para trás e a sentir o que senti antes mas eu já não sou aquela pessoa. Chego agora à conclusão que a vida me levou para onde quis e que não fui eu a tomá-la nas minhas mãos. As minhas escolhas foram sempre entre os menos maus. Nunca pelos sonhos. 
Vivi adormecida (como a bela que não fui). E hoje acordo e apercebo-me que os últimos anos não passam de uma névoa na qual mal consigo vislumbrar com clareza. Apaixonei-me perdidamente e vivi desse amor, bebendo dele. Cega por ele. Sem sonhos que não fossem amar-te. 
Hoje olho-me ao espelho e vejo-me. Engraçado como tantas vezes não me reconhecia no espelho (talvez por não me querer ver verdadeiramente) e agora, resignada, aceito o inaceitável. A vida passa. E eu já não sou eu. Sou outra. Sou todas as que fui no passado e mais. Sou a do presente. Que evito a todo o custo porque crescer dói. E aceitar a vida também. Tenho saudades de mim. Do que fui, do que criei. Saudades de viver intensamente. Saudades dos sonhos que sonhei e que não vi. 

Sunday, May 08, 2016

Pedra Fria

Sigo por aqui, por uma estrada, um caminho que não sei onde vai. Retroceder? Impossível. Parar. Parar é difícil. O amor vai e vem. A bondade vem. E eu não sou boa, nunca o fui. Pessoa ruim. A maldade de onde me vem? Certamente não nasceu comigo... mas se não sei de onde apareceu!!
Tinha em mim todos os sonhos. E para onde foram eles? Voaram para longe e com eles foi a minha inocência, a minha doçura, o meu amor. Já não sei amar ninguém. Já não sei amar nada. Já não sei dar um carinho, um abraço a sério. Não consigo tratar quem me ama e não quero amar mais nada.
Passei uma vida a acreditar no amor. Que dele tudo nasce e nele tudo acaba. Vida ilusória, vida de mentira. O meu coração desapareceu do peito, já não existe. Está seco, morto, como as minhas entranhas. Já não sinto, já não vivo. Existo como existe uma pedra. Fria, imóvel, invisível ao olhar das gentes que a pisam, que passam por ela.

Thursday, December 31, 2015

Despedida

Desde que te amei, esqueci-me de mim. Desde que te amei, esqueci-me da prosa e do verso. Esqueci-me das palavras q ganhavam cor no meu lápis e voavam no azul. Desde que te amei, a minha vida passou para segundo plano. Os dias não eram dias. Os dias eram esperas pelo dia de te ver. Desde que te amei, conheci a mulher mais feliz do mundo. E vivia na minha casa. Desde que te amei, não existia mais nada senão o meu amor. Desde que te amei, a vida era realmente bela (quem o inventou?). Desde que te amei, amei o teu rosto, amei o teu corpo, amei a tua alma. Desde que te amei que amei a tua voz, a tua respiração, o teu cheiro. Desde que te amei que a dor começou, lentamente, no meu peito. O medo... Desde que te amei, a vida começou. E agora acabou.

Sunday, September 11, 2011

A mirabolante ironia da vida

Lembro uma noite, lembro um luar. Lembro uma praça cheia de gente e ruas enfeitadas como antigamente. Vou ao fundo da memória para lembrar esse primeiro olhar. Não posso jurar, mas a tua camisola era verde e o teu riso era branco como ainda hoje o é. Estavamos tão perto e não o sabíamos.
Regresso ao passado numa outra noite que foram duas. Mergulhei em ti e por ti chamei a plenos pulmões sem que me ouvisses. O teu sorriso continuava igualmente límpido, o teu olhar ainda era o mesmo. Eras tu. Ali. Inteiro, pleno. À espera sem esperar. E eu que te desejava e sem poder dizê-lo. E depois.
E depois foi o tempo que passou e tu ali tão perto e eu ali tão perto e a distância tão grande. O silêncio era maior do que as palavras e só com as palavras era possível chegar até ti.
Até que um dia nem sei porquê. Um dia não sei como as palavras que estavam todas fechadas à chave fazia tempo, essas palavras saltaram como uma mola. E depois não foi preciso nada. De um momento para o outro estavas ali à minha frente com o teu sorriso só para mim, com o teu braço no meu, com a tua mão na minha. De um minuto para o outro estavas tão perto de mim que a distância que nos afastava desapareceu sem deixar rasto.
Recordo novamente. Recordo nesta cama em que me deito, os dias em que tudo foi tão real e tão possível para esquecer-me da dor que sinto agora. Um amor pode durar uma vida, mas será que dura? Há sempre uma pergunta no ar.
Agora o que temos? Estamos perto, mas longe ao mesmo tempo. Estamos longe, mas de uma forma especial, perto. Tenho o teu coração no meu e o meu é teu. Tenho um amor que não acaba. Tenho uma chama do tamanho do incêncio a consumir-me o peito. Tenho-te e não te tenho. E o calor que isso me provoca consome-me a alma lenta, feliz e dolorosamente. Não desisto de ti.

Thursday, August 18, 2011

O outro lado da liberdade é agora

Duas mãos dadas. Duas mãos apertadas com força. Dois pares de pés que caminham lado a lado. O cenário é azul. Um céu e mar que se misturam. A areia é branca. Os passos avançam devagar. Sem pressa que há tanta vida. O vento empurra os cabelos para trás. Sente-se na pele a maresia. O dia está claro. O sol espreita entre duas nuvens. Esconde-se de novo, apanhado que foi a espiar os amantes. Páram os passos. As duas mãos que estavam dadas são agora quatro. Olham-se de frente. Dois rostos aproximam-se. São os rostos deles. Vêem-se um no outro como num espelho. Os olhos brilham mais. Lentamente as duas faces tocam-se. Deixam-se ficar, sem pressa. Mas os lábios também querem fazer parte desta história. Primeiro um toque tímido, depois um beijo. Ou dois. Foram muitos mais. O tempo parou. O mundo parou. As pessoas existem à sua volta, passam por eles. Não se escondem. Deixam-se ficar no centro do universo em que se sentem. Sem medo.

Thursday, August 04, 2011

A felicidade que me apagava as palavras fugiu tão de repente que agora são as palavras que estão a mais. Pela certeza de te ter perto não te senti escapar-me entre os dedos. Há em mim algo que me consome... Sei o nome mas não quero dar-lhe - ciúme. Vem sem se fazer esperar. Não esperava nada e agora não sei que esperar. Se amanhã estiver tudo igual sei que não estará porque eu não serei a mesma. Se amanhã estiver tudo diferente, sei que tudo estará diferente porque eu não serei a mesma. Tenho um coração desfeito e perdido em busca dos caminhos que não conhece. Não aprende como não arriscar. Não aprende a não se magoar. Não aprende...

Wednesday, June 08, 2011

I thought about a different title but it was too ridiculous

Sometimes I wish I could be different. I wish I could be prettier, funnier or slimmer. I wish my eyes were blue and my hair was lighter. I wish my skin was softer. Sometimes I wish I could be that beautiful girl you met. Sometimes I wish I could be the one you touch during the cold weather. I wish I could be the one you kiss before going to bed. I wish I could be another person just to be with you, just to feel you close. How ridiculous is this? How ridiculous am I?

Sunday, May 15, 2011

Surpresa

Às vezes, quando dói, não dói tanto pela dor de doer, mas antes pelo inesperado da dor que dói. É uma dor certeira e pontiaguda que certamente me surpreende na sua imprevisibilidade. E a sua imprevisibilidade é afinal a certeza de uma dor esperada e sentida.

Wednesday, May 11, 2011

Está uma lua cheia, brilhante e, invariavelmente, lembro-me de ti. As saudades que sinto não são as de hoje, são as que têm estado guardadas há muito tempo - meses que parecem anos. No céu vejo estrelas que, com a lua me trazem um espectáculo de entreter. Uma ocupação para não pensar. Uma forma nova de apagar a dor dos sentidos. Um silêncio com palavras. Um sentido sem caminho. Não pensar e deixar a dor morrer. Não pensar e só sonhar, what a wonderful way to live.

Thursday, March 10, 2011

Deixa-me continuar nesta dormência em que estava. Não quero sentir, nem quero pensar. Só quero fechar a minha caixinha à chave e não a abrir nunca mais.

Thursday, February 17, 2011

Se calhar já chega...

Sunday, February 13, 2011

Adorava sentir-se nessa palavra... Mas não há espaço. Nunca há espaço. Só é duro perceber que outra pessoa o tem que não eu. Não pode ser de todos. E espero...

Thursday, February 10, 2011

Liberdade

Duas mãos dadas. Duas mãos apertadas com força. Dois pares de pés que caminham lado a lado. O cenário é azul. Um céu e mar que se misturam. A areia é branca. Os passos avançam devagar. Sem pressa que há tanta vida. O vento empurra os cabelos para trás. Sente-se na pele a maresia. O dia está claro. O sol espreita entre duas nuvens. Esconde-se de novo, apanhado que foi a espiar os amantes. Páram os passos. As duas mãos que estavam dadas são agora quatro. Olham-se de frente. Dois rostos aproximam-se. São os rostos deles. Vêem-se um no outro como num espelho. Os olhos brilham mais. Lentamente as duas faces tocam-se. Deixam-se ficar, sem pressa. Mas os lábios também querem fazer parte desta história. Primeiro um toque tímido, depois um beijo. Ou dois. Foram muitos mais. O tempo parou. O mundo parou. As pessoas existem à sua volta, passam por eles. Não se escondem. Deixam-se ficar no centro do universo em que se sentem. Sem medo.

Friday, February 04, 2011

...

Não há espaço para mim nessa vida que tu levas. Não há um cantinho onde possa encaixar-me, nem nenhuma despensa onde possa sentar-me à espera. Não posso dar-te o que te quero dar e não posso aceitar aquilo que não me dás. Preciso de pôr um ponto final, mas não consigo tirar os outros dois que o acompanham... Até quando?