Friday, April 27, 2007

Despedida anunciada

Vocês. As duas. Aqui. Neste momento. Umas palavras para ti, outras para ti. Vidas que não serão mais aquilo que eram. Noites perdidas, tantas tantas... Um copo aqui, outro ali. Perde-se na noite a noção da realidade. As vozes são mais belas, os olhares mais profundos. Reconhecemo-nos na nossa estranheza. Bichos da noite. Transformam-se. As recordações esbatem-se. É difícil saber oq ue se passou. Talvez isto ou aquilo. Amigos que não o são. Pessoas que pela noite vagueiam como nós. Reconhecê-las aqui neste momento não é difícil. Recordo mentalmente as vossas caras. Recordo os vossos sorrisos. Estão aqui tão perto.

"É preciso partir, é preciso ficar..."

Iremos. Mas havemos de voltar. Todas as noites em que um bar fechar, recordaremos a nossa casa. A casa que nos acolhe na rua. E os vossos e os nossos sorrisos estarão lá para nos acompanhar.

Silêncio e nada

Uma repetição uma vez mais. Que digo? Não há palavras agora. Tenho esta sala vazia e um coração cheio de ar. Vento. Amor... Todas as palavras, todas as voltas do mundo vão girar de novo no mesmo. E a ti. Que digo?

Hoje, amanhã, a vida inteira. Este momento que deito no lixo arde-me na pele. Que certeza esta de ser eu assim. De ser racional e pensá-lo e não agir como tal. Que digo?

Volto a ti, de mim. Que caminho percorro? Que noites em que não durmo? Que querer ser. Que distancia, que novidade é esta. Que digo?

pergunto. A mim, a mim, a mim. Pergunto à pessoa que aqui escreve e que está dentro do meu corpo. Aquela que me vê no reflexo do espelho. Que digo?

Estas ideias estão gastas. É preciso encontrar outras novas. Dar-lhes uma forma e um sentido. Procurar no fundo do fundo aquilo que não sei. Que digo?

Tanta vida desperdiçada. Porque não ajo como penso? Não me sobram mais palavras.