Vida cidade
Aqui. Por aqui. Deste lado e do outro. Por esta rua ou pela outra. Que sentido. Que direcção. Sentido proibido, rua sem sentido. Para que serve uma rua se nela não se pode andar livremente? Um beco. Escuro. Uma praça. Aberta. Uma encosta. Uma escadinha. Apertada. A sombra de duas mãos entrelaçadas a desenhar na parede. Confusão. Trânsito. Gente que se vê, se olha e se deixa para trás. Gente a quem se disse olá. Gente que se abraçou e que agora já não é ninguém. São caras, velhos, rostos feios no alaranjado do entardecer. E rostos entardecidos pelo passar dos anos, pelo corroer dos tempos. Os bordões de uma guitarra e o batuque de um tambor, marca o ritmo do tempo. Tic tac. Tic tac. Uma música inconfundível vem do rio. voz soprana. Soberana. E chama-nos... chama-nos... ama-nos... ama-nos... nos... nos... os... os...
Até quase não a podermos ouvir.
Até quase não a podermos ouvir.