Monday, March 30, 2009

Vida cidade

Aqui. Por aqui. Deste lado e do outro. Por esta rua ou pela outra. Que sentido. Que direcção. Sentido proibido, rua sem sentido. Para que serve uma rua se nela não se pode andar livremente? Um beco. Escuro. Uma praça. Aberta. Uma encosta. Uma escadinha. Apertada. A sombra de duas mãos entrelaçadas a desenhar na parede. Confusão. Trânsito. Gente que se vê, se olha e se deixa para trás. Gente a quem se disse olá. Gente que se abraçou e que agora já não é ninguém. São caras, velhos, rostos feios no alaranjado do entardecer. E rostos entardecidos pelo passar dos anos, pelo corroer dos tempos. Os bordões de uma guitarra e o batuque de um tambor, marca o ritmo do tempo. Tic tac. Tic tac. Uma música inconfundível vem do rio. voz soprana. Soberana. E chama-nos... chama-nos... ama-nos... ama-nos... nos... nos... os... os...

Até quase não a podermos ouvir.

Monday, March 16, 2009

Todos os homens já o foram

Filho da mãe. E do pai também. Filho da avó, do avô e de todos os laços paternais. Filho da vizinha. Do carteiro (porque não?). Filho da sorte, da má-sorte, do azar, infortúnio... Filho da saúde. Filho do cansaço. Filho do alcool. Filho do medo. Filho da terra.

Pára relógio. Dá-me o teu ponteiro. Hoje a noite acaba aqui. Deixo-te sozinho a ti e a esse filho da vida.

Friday, March 06, 2009

Não te esperei

Nunca mesmo. Se falo de ti é porque me interessas, e porque me saltas à vista e apetece-me perder-me em ti. Mas apenas isto. Nada mais para além deste nada que eu não vou transformar em tudo na minha cabeça. Nem pensar.