Friday, October 27, 2006

Não

Está tudo bem. Já puseste as flores sobre a mesa??
Está tudo bem. Desligaste o telefone??
Está tudo bem. Fechaste as janelas?
Está tudo bem. Releste as instruções que te mandei??
Está tudo bem. Acendeste as velas??
Está tudo bem. O que disseste??
Está tudo bem. Não perguntes quando!!
Está tudo bem. Volta só quando não possas fazer mais nada.
Está tudo bem. Espero só.
Está tudo bem. Só espero.
Está tudo bem. Não quebres a rotina da minha espera.
Está tudo bem. Vai.
Está tudo bem. Amanhã mando notícias.
Está tudo bem. Depois serei mais.
Está tudo bem. Adeus.
Está tudo bem. Resposta.
Está tudo bem. Já não há nada a fazer.
Está tudo bem. Quem eu fui.
Está tudo bem. O que faço aqui.
Está tudo bem. Já não és nada.
Está tudo bem. Não desespero.
Está tudo bem. Renascerei.



Está tudo bem. Quando a ilusão não é grande a queda é menor.





Está tudo bem.

Tuesday, October 24, 2006

Pequenez

Sinto a morte colada às minhas costas... Pressiona o meu corpo contra a parede, aflige-me no meu pensamento. De onde vem esta escuridão que se apodera de mim? É a saudade? É o medo? O que é?! Não o compreendo. Não o entendo em mim mesma. Estranho. Um sentimento diferente daquele que eu tinha. É algo novo... Espero por ela em sobressalto, como se a qualquer momento me atacasse. Que pressa de viver. Que vontade de sonhar. E outra ainda maior de acontecer. Que medo de não ser eu já amanhã. E porque estar aqui se o amanhã pode não ser nada?? Para quê esta clausura em que nos encontramos? Não quero pertencer ao ciclo da vida. Não me seduz. Quando passará este sentimento? Alguma vez o esquecerei? É o medo que se aproxima e quase o deixo vencer. Enlouquecerei antes de ganhar esta batalha.

Thursday, October 19, 2006

Era fado

O tempo passa tão depressa e tão devagar ao mesmo tempo... Ainda ontem aqui estava e já aqui estou outra vez. Ainda ontem julguei que o tempo seria a solução. Não vejo a solução à vista e o tempo corre... tic...tac...tic...tac... Não pára o ruído constante da máquina do tempo que soa como música aos meus ouvidos. Mais tempo vai passar e mais longe vou ficar... Aguardo, antes que este tic tac me mate....

Monday, October 09, 2006

Aqui e ali

Um passo aqui, outro passo ali.

Lisboa amanhece e Salamanca sorri.

Saturday, October 07, 2006

Há qualquer coisa diferente aqui, hoje. Nestas paredes. O que é não sei, mas persiste. É qualquer coisa nova, que me prende o olhar e me pára o coração. Deixo de respirar por fracções de segundo, voltando tudo ao normal e este quarto volta a ser o mesmo que desapareceu. As imagens estão espalhadas pelo chão como fragmentos de uma nuvem aberta que entra pela janela fechada. É preciso impedir o desassossego. É importante manter na calma a ordem tranquila das coisas. Num sorriso ter o mundo e num repente não ser nada. Abrir a mão e deixar entrar, com passos apressados a alma compartimentada. Há fragmentos de mim que não sei quem são. Há tantas perguntas que desconheço, e tenho uma mão cheia de respostas para dar. Há tanto por vir e o espaço que se preenche com o nada, até que o porvir venha e tudo seja impossível de realizar. Apenas para se lamentar aquilo que já não é. O que nunca foi porque assim se quis, embora se desejasse o contrário.
A distância que te prende é como um íman que me atrai. Estou longe porque assim me coloco, mas anseio que o íman me cole a ti. Que ideias vagueiam por este quarto? Têm que ser diferentes, senão as paredes não seriam assim! O branco já não é branco. É um branco diferente, entrecotado pela escuridão dos pensamentos. É preciso acender uma luz que disfarce este negrume, mas o interruptor partiu para um destino mais feliz. A cabeça já não funciona porque aquilo que o era, já não o reconhece mais. Pára. Espera pela última palavra. Retrocede ao ponto máximo da tua galáxia e recupera aquilo que não foi. Agarra e junta as tuas fantasias. Agora sou apenas um. É nele que vive sem receio. O tempo é escasso demais para repeti-lo. E, porém, pensá-lo torna-se tão absurdamente necessário que um dia longe do passado se torna uma tormenta. E hoje já não há espaço para mais nada. O protagonismo não passa por aqui. É a hora da verdade. Não dizer mais nada, pois só no silÊncio não há mentira, a não ser quando esta se esconde naquele que mente a si próprio para não se reconhecer. O prtagonista é outro. Esconde-se aqui e ali exibindo-se no seu secretismo. E ali volta porque nelas tem o seu lugar. Já o mundo sabe que as paredes continuam iguais.

Tu

Hoje estou aqui. Não vês que estou aqui?! O lugar mudou mas tudo continua igual. As pessoas são outras mas as mesmas, as casas cairam e recontruiram-se por si só. Há silêncio que é o mesmo de sempre. Não me reconheces?? As minhas mãos estão pesadas como antes, o carro demora o mesmo tempo a chegar à ponte e a Catedral também nos sorri lá do alto. Sou eu, sou a mesma. Lembras-te? Volto ao local de onde nunca saí, volto à raiz de mim. E tu estás em todo o lado. Em todos os gestos. Em todas as palavras. Tu. Tu e tu.