Wednesday, April 30, 2008

Vivo

Quando foi que tiveste a certeza que, mais uma vez, sairias magoado desta história? Foi no dia em que soubeste que estragarias tudo como sempre, ou foi no dia em que descobriste que outra pessoa o faria por ti? Mas na verdade sabes que sim, que a culpa é tua e sempre tua. Todos os dias será tua e tê-la-às sempre a pesar-te sobre os teus ombros para que nunca te esqueças que foste tu que construiste essa infelicidade que imaginas em teu redor.
Quando percebeste que não havia um mais para além disto? Em que dia descobriste que, apesar de todos os argumentos, de todas as contestações, de todos os sentidos proibidos e sinais de sentido obrigatório, nunca terias capacidade para chegar mais longe. E para esquecer que sempre acontece assim. Porque já o previas. Mas nesse momento pouco importava. E agora já dói só de pensar. Aprende sempre. Aprende mais e mais e todos os dias. Para não voltares a deixar que a mágoa cresça em ti e te tornes numa dessas pessoas infelizes por não rir, por não sentir, por não viver. Vive, vive.

Disse muda...

... muda, perde essa estúpida inocência...

Jorge Palma
Se não quero nada de ti porque te espero? Porque desejo um sinal que não recebo. Não, não me queres e eu tenho tanto medo de te querer...
Como podes ir embora sem olhar para trás? Por favor olha-me, dá-me um carinho, dá-me um sinal. Uma palavra, um gesto que façam sentir que ainda existe em ti um pouco de mim. Eu tenho-te cá dentro ainda. E tenho mais do que isso. Tenho amor, tenho sede de ti. Tenho saudades do teu afecto. Hoje de ti não recebo nada e a cada momento que passa te quero mais e mais. E sem esperar já nada de ti. Mas esperando-te sempre. Até sempre.

Tuesday, April 29, 2008

Por onde passaste tu que me ficaste cá dentro?

Quando abri a porta era para seguires em frente. Para também eu descansar em paz, como se diz. Quando abri a porta porque ficsate? Porque te deixei ficar?? E agora porque sinto saudades tuas? Sinto a tua falta e não percebo o porquê. Nunca te quis, nunca me quiseste. Mas sim, imaginei. E imaginar é tudo o que não posso fazer. E sinto cada momento mais a dor de te saber longe longe... Mais longe do que alguma vez julguei possivel. Como não te perder, nunca? Ainda te sinto em mim. Fica.

Tuesday, April 22, 2008

Breves


Echo de menos. A ti y a ti. A vosotros también, mucho. Pero sí que echo de menos a las calles. Echo de menos a la lluvia. Echo de menos al frío. Echo de menos a bajar por San Justo y tocar el timbre. Echo de menos a subir la cuesta. Echo de menos a los Jesuítas. Echo de menos a cruzar la Plaza Mayor veinte veces al día (hay que acumular veces). Echo de menos a llegar al 25 de la Meléndez y pasar por el escaparate de la tienda de trajes. Echo de menos a bajar por la Compañía y llegar a la Chupi. Echo de menos a los paseos en el río. Echo de menos a cruzar el puente romano. Echo de menos a los sofás azules y al balcón. Echo de menos a Pechuga. Echo de menos a las noches sin dormir y a las mañanas en la cama. Echo de menos a los besos en el espejo. Echo de menos al vino en la mesa, Martini en los vasos. Echo de menos a las cosas que nos hacían sonreír... Echo de menos a llamar António. Echo de menos a llamar Sophieeeeeeeeeeee. Echo de menos las cenas en Delicatessen. Y a los desayunos también. Echo de menos el color. Echo de menos el ruído. Echo de menos el brillo del sol. Echo de menos las cosas sencillas. Comprar el pan. Las hamburguesas en Leonardo a las cinco de la mañana. Los trajes para salir de fiesta. Las cenas a la una de la mañana. Las comidas a las seis horas de la tarde. Tomar el sol en el balcón. Salir de tapas. Las músicas. La música de la ciudad. La vida de la ciudad.


Sabeis lo que es Saudade?

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.

Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me adormeceram
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.

Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto!
José Carlos Ary dos Santos
E imaginar que cantavas para mim... Eu cantava para ti... Era tudo para ti. É tudo para ti... Como é que ainda não o sabes?

Judas

Às vezes ainda consigo sentir o teu toque... Suave a tua boca na minha deixa em mim uma doçura que desconheço... Que açúcar é este que lentamente sinto amadurecer? Não o conheço. Desconheço este lado, esta face de homem que não te vejo... E a tua boca brinca um pouco mais. Dois lábios que me tocam e eu toco, talvez com a consciência de que o queria há muito, mas sem saber o porquê... E a cada dia mais, cada vez mais... E quanto mais o recordo, mais o sinto uma e outra e outra vez... Porque me condenaste assim? Porquê?... Judas...

Não querendo...

Se não me queres, não queres. Ponto. Pronto. Não muda muito na minha vida. Se não queres, não queres. Mas se assim é, por favor, não me olhes como se me quisesses, não me toques como se me quisesses, não me beijes como se me quisesses... Porque eu também não te quero querer.

Tuesday, April 15, 2008

Porque me saltas cada noite uma vez mais? De onde vens que me deixas assim perdida neste vazio..? Não me percebo, não te percebo... Hoje quero-te mais que o mundo. E amanhã já não sei nada, já não és nada. E o que ontem era nada, hoje parece algo forte e a saudade começa a chegar. Porquê a vida é tão fácil quando estás longe e tudo se torna tão duro quando te aproximas..? Ter uma vida simples. Amar. Uma vez e outra. Num momento. E depois seguir em frente. Noutra direcção. Mas uma de cada vez. Cada um por sua vez. Tenho o caminho a puxar-me em duas direcções diferentes e a minha alma não o pode acompanhar. Seria uma alma partida. Dividida como o é agora. Largar. Deixar. Tudo. De uma vez, para acabar com a dúvida, com o desespero dos sentimentos que são em vão, e do coração que está cansado de bater "p'ra nada". Já te perdi numa encruzilhada e agora vais deixar-me para sempre na próxima. Não sei se quero seguir contigo mas também não consigo deixar-te. Onde chega este desespero? Como posso medi-lo, quantificá-lo, transformá-lo em frases que façam tudo isto parecer ter um sentido?? Que me guiem numa direcção seja ela qual for e me levem até onde eu não poderei chegar nunca? Como chegarei até ti? E como não te perder?

Monday, April 14, 2008

Resumo

Do fundo da gaveta puxo o livro em branco das memórias que já não o são. Quantas vezes te quis, quantas? Não o sei. Não o saberei jamais. Julguei-te fora do armário, fora destes laços da vida e quando me apercebi tinha-te muito mais dentro do que antes. Quando foi que tudo começou? Um beijo não pode ser a resposta. Vem de muito antes do tempo, vem das imagens que criei em mim e dos sonhos que para mim eram reais. Lembro aqui aquela noite brilhante em que te abracei com ternura pela primeira vez. Relembro em cada instante a noite em que partilhámos as estórias que desconhecíamos um do outro, mas que tínhamos em comum. Recordo esse momento em que pela primeira vez foste amor para mim. E descubro como eu não sabia nada.
Uma noite vaga. Outra. Como tantas umas que já se viveram. Como uma noite que seria normal, madrugadas banais que não se explicam mas que se sentem. Não te vás embora, fica mais um bocadinho. Não partas, não ainda. E dá-me a atenção que eu te dou. E dá-me o sorriso que te peço. O olhar que preciso. Fica, fica. Ainda não percebi que em ti existe muito mais do que aquilo que eu vejo. E vais. Vais porque sim, porque tem de ser. E não há nada que mude essa partida porque já a vejo no teu olhar. A certeza do partir. E recuso acreditar que poderá haver em mim um sentimento que me faça querer que estejas perto. Isso não. Nunca. Nunca.
Noite exangue. Brusca na sua rapidez. Estavas tão perto tão perto que te imaginei mais do que o que sabia ser possível. E acreditei. Acreditei sim, que não seria só eu. Seríamos os dois, como nunca tinha ousado escrevê-lo nas minhas linhas. Seríamos ambos o mesmo para que a nossa vida fosse uma. Não para todo o sempre, mas para todo o tempo em que fosse possível sentir-se a pele a arder por um beijo que tarda. Para todo esse tempo em que te sentisse perto, tão tão perto, e o tempo em que tu me quisesses por perto. E com a certeza aboluta de que um dia tudo terminaria, sobretudo porque teria um começo. Mas no final descobrir que essa boca fechada não procura a minha e esse olhar não sorri para o meu. Descobrir que no final tudo magoa, tudo é apenas uma réstea de nada. Um farrapo pintado do azul do céu.
Diz-me de onde vieste tu, que estas noites não fazem sentido. Diz-me de que nuvem desceste, de que estrela caíste ou que planeta é o teu. Diz-me em que outra noite vou encontrar o que procuro há momentos que me parecem anos. Diz-me como era a minha vida antes porque não a consigo lembrar. Diz-me que sinais são esses, que amor é o teu. E depois de tudo isso dá-me coragem para continuar.

Saturday, April 12, 2008

Fugiram da alma as palavras para te escrever esta vez mais, esta noite mais. Talvez num outro dia me encontre... Talvez num outro dia te encontre...

Friday, April 11, 2008

Viste as minhas asas a crescer? E os meus braços a enredarem-se no teu pescoço, sentiste? Só é pena não voar...

Wednesday, April 09, 2008

O riso


Porque é que a saudade surge assim tão depressa?? Há quanto tempo não nos vemos? Muito. Mas por saber-te perto ainda não tinha surgido em mim esta saudade que sinto neste momento... Agora que me avisas da tua partida tão súbita, mas já esperada, sem que possa haver uma despedida, existem duas lágrimas que teimam em escorregar dos meus olhos... Em ti haverá sempre espaço para mais um sorriso. Sê feliz!!

Estranheza

Do fundo de mim vem esta sensação de ser assim... Estranha. Não estranha porque isto ou por aquilo, mas estranha porque sim. Estranha para mim porque não me compreendo e talvez ainda mais para os outros.
Se não te quero, porque te quero por perto? Se não te quero ter e não queres ter, porquê esta sucessão de pensamentos e tristeza...? E de forma racional, consciente, ter noção, que sim, sou assim, estranha, mas apesar de tudo não ter a capacidade de evitá-lo. Hoje era assim, mas amanhã será diferente. Ontem chorei a dor de não te ter e depois sorri por seres outro. E agora lamento a perda do primeiro e não ter o segundo. Mas se és tu quem interessa. Ou se não sei se és... Não há uma linha recta no amor e muito menos na vida. A minha é um labirinto. Não sei onde me vai levar, mas sei a solidão cada vez mais perto...

E seria tudo mais simples se a vida não fosse tão complicada... Mas depois não teria, definitivamente, graça nenhuma...

Desdém

Desdenha-me. Desdenha-me muito. O mais que puderes. Desdenha-me de dia, de noite, ao entardecer. Desdenha-me até ao amanhecer se perferires e estiveres acordado. Desdenha-me ao almoço e ao jantar também. Desdenha-me quando estiveres sozinho, quando estiveres acompanhado. Desdenha-me até quando estiveres comigo. Desdenha-me na rua, em casa. Desdenha-me na sala, na cozinha, no quarto. Desdenha-me na cama. Desdenha-me acordado. Desdenha-me nos teus sonhos. Desdenha-me nos meus sonhos. Desdenha-me quando estiver calor e nos dias de chuva. Desdenha-me quando o vento uivar, ou quando os trovões atroarem os céus. Desdenha-me quando a Primavera florir e o calor espreitar. Desdenha-me na praia. Desdenha-me no dia de S. Martinho e na noite do mesmo. Desdenha-me no Carnaval. Desdenha-me quando te apetecer, só porque sim, e desdenha-me quando tiveres motivos. Desdenha-me quando me olhas, e desdenha-me quando fechas os olhos. Desdenha. Eu deixo. Desdenha sim. Mas no final, peço-te, não te esqueças de comprar.