Monday, January 31, 2011

Não sei de onde vem esta dor que chega de repente. Vem de saber que não te tenho, não te posso ter e nunca te vou ter.

Sunday, January 30, 2011

"Às vezes o amor"

Há coisas que não mudam. Tu continuas o mesmo... Prendes-me e afastas-me. Ris para mim e mentes a seguir... Não mudas mesmo. E era tanto dessa tua loucura que eu gostava... Agora já não consigo sentir esse calor que me davas naquela noite fria de Inverno (quase Primavera) em que o teu quarto parecia queimar. Agora já não consigo sentir a chuva fria na minha cara e sorrir, como sorria daquela vez. Agora já não sinto aquela última noite de Verão como a senti antes... Quantas luas passaram já? Não somos os mesmos mas continuamos iguais.
Não aguento mais. Deixem-me saltar desta ponte, nadar todos os mares, suster a respiração!

Respirar fundo...
1...
2...
3...
4...
5...
6...
7...
8...
9...
10... Já está melhor... Consigo mais uns dias...
Hoje estive quase. Estive quase quase, vai não vai como se diz. Estive quase a não resistir. Foi num momento em que tudo era tão feliz à minha volta (ou pelo menos parecia) que eu saí da realidade para entrar no meu mundo onde tudo é possível. E foi aí que estive quase quase a ceder. Foi um momento tão tentador que parecia que qualquer coisa que eu dissesse seria ouvida, qualquer coisa que eu escrevesse seria lida, qualquer coisa que eu sentisse seria possível. Foi o momento em que tu eras real, eu era real e se fechasse os olhos estavas ao meu lado. Quando os abri não estavas. Não eras e o mundo não era mágico como essa noite me tinha feito crer. Quando abri os olhos a única coisa que consegui ver foram as tuas últimas palavras. As palavras que me doem cá dentro. As palavras que não consigo dizer, mas que não ouso apagar para nunca mais me esquecer. E a estas junto outras. Outras tantas que me disseste antes e que eu empurrei para o fundo de mim para não as ver mais. As palavras que não me deixarão cair em tentação. Jamais.

Friday, January 28, 2011

Tenho aqui uma dor que nem sei bem que dor é. Tenho aqui no peito uma dor que grita quando estou sózinha e se esconde quando me vê com outros. É uma dor que rebenta quando te diz adeus e que se apaga quando te vê entrar. É uma dor que vai ficando aqui, fica aqui e, de estar já habituada a ela, um dia nem vou sentir. É uma dor de desaparecer. É uma dor de esperar o que não vem. É uma dor de saber tão perto e não poder ter. É uma dor de te saber tão longe. É uma dor sem futuro. Acaba aqui. Já. Agora.
Já não sei escrever. Já não sei juntar as letras e as palavras para te dizer aquilo que te queria dizer. Estás perto, tão perto... Tão longe. Estendo a mão para te tocar e não consigo chegar lá. E o único consolo é poder olhar olhar e voltar a olhar para ti. Mesmo que tu não vejas. Ainda que tu não saibas porque não to posso confessar. E fico a olhar mais um bocadinho, mais. Mais uma vez.

Saturday, January 22, 2011

Ontem não houve chocolate. Não houve tempo para ir ao supermercado comprar mais. Mas hoje já aqui tenho uma caixinha cheia de bombons para comer um de cada vez. Para comer até ao fim.

Thursday, January 20, 2011

Vou rasgar todos os papéis onde te escrevi, todas as imagens onde te guardei. Vou destruir todas as músicas onde te imaginei, todos os livros onde te li. Vou pôr o silêncio no máximo e os pensamentos a girar. Vou pôr uma vírgula que me levará ao ponto final.
Eu quero ser como este pássaro que vem beijar a minha janela. Voar sem saber para onde, mas sem ter medo de voar. Subir no céu lá bem alto. Subir até às nuvens, mais perto do Sol e de deus (se ele existir), mas sem ter medo de cair.

Wednesday, January 19, 2011

Deixo-te aqui um chocolate. Hoje. Amanhã e depois. Deixo-te um chocolate para saboreares uma vez ou outra. Come-o quando tiveres vontade de um doce, ou quando estiveres sózinho (ou um chocolate apenas para não te esqueceres que eu existi). Deixo-te esta mistura de cacau com leite, amêndoas e outras coisas que nem faço ideia só para me sentir um bocadinho mais perto de ti. Amanhã há mais.

Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

Tuesday, January 18, 2011

De tanto as pensar, gastei as palavras que tinha guardadas para te dizer.

Monday, January 17, 2011

Casacos e afins

Eu sei que tenho que escolher o preto. Porque é quente, confortável, fofinho e fica bem com tudo. Exactamente o que eu preciso. É esse que tenho que levar para casa. É o melhor para mim. Pego nele, embora saiba que há algo no preto que não me satisfaz. Quero algo diferente, o preto não me preenche totalmente por muito que seja o melhor. Ao passar pelo corredor de acesso à caixa (para fechar de vez este casamento perfeito) os meus olhos deparam-se com outro. Branco. Atractivo. Chega a parecer que tem luz própria. Chama-me baixinho, pisca-me o olho. Ah! De onde veio este? Quero-o tanto. Tem de se. Apaixonei-me. Atiro o preto para um canto e corro na direcção do branco. Agarro-o com as duas mãos. Sinto-o ao toque... É tão macio, tão suave. O preto seria muito melhor, mas este tem qualquer coisa que não sei explicar e que me faz querer levá-lo para casa.
Experimento-o pela primeira vez. As suas linhas assentam na perfeição neste meu corpo imperfeito. Olho-me e volto a olhar-me no espelho vezes sem conta. Sei que é um erro, mas já não posso fazer nada. Apaixonei-me. Só quero tê-lo comigo, levá-lo para casa e vesti-lo todos os dias. Quero que seja meu. Vai ser, dentro de breves instântes. O tilintar da caixa fecha o meu romance. Apanhei-o. É meu.
Visto-o. Uma, duas, três vezes. À terceira, o morango que era quase doce não acertou na boca e veio escorregar directamente no branco imaculado que era ele. Num súbito impulso tento salvá-lo, remediar a situação, fazer com que não se perca para sempre, mas lá no fundo sei que sim. Soube desde o princípio que seria um erro e fui eu que o escolhi. Irracionalmente, sem pensar. Atraída até à raíz dos cabelos por tudo aquilo que ele me podia trazer. Não durou muito. Mas o que é que eu podia fazer? Apaixonei-me...

Wednesday, January 12, 2011

"Acabou o nosso Carnaval"

Acabaram as máscaras e as fantasias. Acabaram os disfarces e os confettis. Acabaram a música e as brincadeiras. Acabaram as gargalhadas e os sorrisos. Acabaram os bailes e os saltos. Acabaram os aromas a festas e o cheiro a fritos. Acabaram as pessoas cantando, descendo a avenida. Acabaram as cores, as purpurinas. As serpentinas. Acabou a luxúria de um carnaval fora de horas. Um carnaval sem tempo certo, brincando ao acaso na vida, em três dias que parecem meses (ou serão três meses que parecem dias - uma vida inteira). Hoje é a quarta-feira de cinzas de um carnaval queimado que, ano após ano, renasce daquilo que já foi com a mesma inocência que tinha no início. Um carnaval que, no fim, sorri sempre.

Tuesday, January 11, 2011

"One of those things"

Uma vez mais. Só mais uma, só mais uma vez. Esta é a última, esta é de vez. A última vez. Porque todas as coisas têm um fim e esta era uma daquelas coisas que já tem o fim marcado ainda antes de começar. Melhor, esta era uma daquelas coisas que não devia ter fim porque nem sequer devia ter tido um começo. Foi apenas uma dessas coisas que não se controlam. Foi uma dessas coisas que, mesmo sabendo-se erradas, se fazem pelo prazer de nos iludirmos a nós próprios. Porque se acredita sempre que pode ser diferente. Acredita-se que desta vez pode não haver um fim marcado. Desta vez, mas só desta vez, pode haver um desenrolar diferente dos acontecimentos. Mas sei que não e se me engano é porque essa é a maneira mais fácil. Porque enquanto conseguir fingir que não me magoa este fim, enquanto eu conseguir fingir que não me tocas a alma não há nada a recear.

Sunday, January 09, 2011

Continuo invariável e inexplicavelmente à espera de algo que desconheço. Não sei o que é, nem em que circunstâncias o poderei vir a encontrar. Não sei onde está, nem qual o seu aspecto. Talvez aquilo que eu espere seja um milagre. Invariavelmente à espera. Procuro no fundo do fundo da bagagem que trago comigo tentando encontrar este "algo" que espero e não vejo. E assim continuo à espera. Inexplicavelmente esperando contra todos os pressupostos que me dizem para não esperar porque nada pode já ser esperado.

Wednesday, January 05, 2011

Não me olhes nos olhos...
Não me olhes nos olhos porque cada vez que me olhas nos olhos sinto o teu olhar a varrer-me a alma. Cada vez que me olhas nos olhos vejo um céu mais azul que, no fundo sei, é tão cinzento como o desta manhã.

Não me sorrias quando me olhas nos olhos...
Não me sorrias quando me olhas nos olhos porque cada vez que o fazes o meu coração cede e deixa-te entrar um bocadinho mais, e eu não quero um coração partido.

Não me abraces quando me sorris ao olhar-me nos olhos...
Não me abraces quando me sorris ao olhar-me nos olhos porque cada vez que me aconchegas contra o teu peito, cada vez que me apertas contra ti, há parte de mim que quer ficar para sempre colada a esse abraço.

Não me digas adeus quando me abraças e já não me sorris ao olhar-me nos olhos...
Não me digas adeus quando me abraças e já não me sorris ao olhar-me nos olhos porque nunca gostei de despedidas e só te quero dizer um até breve. Sem lágrimas.