Saturday, October 17, 2009

Dança da corda bamba

Foste tão sorrateiro que eu não percebi que estavas a entrar. Quando dei por mim, já estavas aqui sem eu saber como. E deixei-te instalar, arranjar uma cama confortável para que passasses aqui todo o tempo do mundo. Imaginando algo que eu sabia que não iria acontecer. E não era como das outras vezes em que eu pensava que um autocarro poderia acabar com tudo. Desta vez era diferente porque não existia medo, apenas paz. Apenas tranquilidade e a lembraça a cada dia. A cada hora e minuto para fazer a vida mais fácil. Para não pensar no que era mau. Mas sabendo sempre que não poderia ser real. Sabendo sempre que a qualquer momento sairias da minha vida tão rapidamente como entraste.
E agora aqui estamos. A porta está aberta e tu estás na soleira. Sento-me no chão e aguardo no silêncio. Ainda não sei se vais ficar ou sair. Não se ouve um ruído e tenho medo que a minha respiração possa mudar a tua decisão. E enquanto tu estás aí, eu estou na corda bamba, no limbo...

Thursday, October 08, 2009

Como nos filmes

De onde apareces tu assim, agora? Quem és tu? Eu não sei. Só sei que não podes ser real. Porque há coisas que só acontecem nos filmes. E essas coisas não são reais. Tal como este momento. Tal como todos os outros. Tal como tudo. Não, a tua realidade não existe. Abraçava apenas o vazio, à espera de nele encontrar algo palpável, que, posso jurar, senti. Juro que te senti os meus braços. Mas depois não eras real, porque só nos filmes. Realmente só nos filmes isso acontece...

Once upon a time...

I thought we're going to be friends forever. Now, I don't know the meaning of the word forever...

Tuesday, October 06, 2009

Inválido

Quem sou eu agora e aqui? Qual é esta nova realidade que me toma, que me enche, que me preenche? De onde vem esta nova força que sai de dentro de mim? Que movimento é este que faço? Este gesto recriado, não fui eu quem o inventou... Foram outros. Tantos outros antes de mim. Sem saber o que esperar nem o que fazer. E aí ficaram. Perdidos à procura de um sinal que não vem.
Desde quando procuro isto? Não sei. Não me lembro da primeira vez que o pensei, da primeira vez que o desejei sentir. Apenas me lembro de querê-lo. Talvez signifique que o quis desde sempre. E deixar tudo por ele. E agora... Afinal não é tudo tão simples, ou fazemos a vida complicada. Ou talvez não seja aquilo que eu queria. Ou talvez o seja, mas eu não o consiga perceber. Ou sentir. Não conseguir senti-lo por estar presa a outras coisas que sendo mais fracas se tornam mais fortes. Não o compreendo. Saber que o que quer que faça será a escolha errada não é fácil.
Talvez devesse ter acontecido noutro momento. Noutra vida que não esta onde existem cavaleiros andantes prontos para me socorrerem. Noutra vida talvez, mas não nesta. Porque cada vez que o penso, existe um vazio que vai muito para além da distância. É um vazio que de mim toma posse de uma forma tal que me sinto cheia de nada. E sem conseguir virar costas porque é bom demais. Isto sim é o egoísmo que me envergonha, e que não consigo confessar, falar, comentar, dizer a ninguém...