Thursday, July 17, 2008

Sensorial

Uma mão. Duas. Dez dedos e dez toques diferentes. Lentamente sinto-te. Aqui. Cada vez mais perto. Cada vez mais no limite que a capacidade permite. Abro a minha mão e deixo-te entrar. Percebo a cada segundo o teu corpo colado ao meu, as nossas almas que se unem. Os outros sentidos assombram-me surpreendentemente e experimento, lentamente, o teu cheiro. Muito a custo, os meus olhos tentam descortinar no escuro o vulto que és tu... Ouço-te. A tua respiração cadênciada, a minha em sintonia. Finalmente, o gosto. A tua boca encontra a minha sem a procurar. Provo lentamente o teu sabor, és quente, és doce. Não és quem eu esperava...

Tuesday, July 15, 2008

Prólogo

Nunca houve poesia entre nós.


Como é que conseguimos fazer este verso?



Nunca houve harmonia entre nós.



Como é que criámos esta melodia?

Devaneio uníssono (parte dois)

Esta noite, quando aqui cheguei, senti uma necessidade louca de te escrever. Apenas porque sim, porque seria a primeira vez, porque nunca o tinha feito antes. E havia tanto que queria dizer e não tinha palavras para o expressar. Porque contigo tudo é tão diferente, tudo é tão irreal, tudo é tão não acontecimento que de manhã, quando acordo, chego a pensar que sonho foi este que eu vivi?
Cheguei aqui e estava na porta um homem a bater. Olhei-o de longe só para recordar como nós eramos. E lembrei-me de ti. A cada momento, a cada instante recordo-te, recordo-me, recordo-nos e já tenho saudades. Quando te vejo? Volto a encontrar-te? Por onde andas tu? A minha alma já vagueia à procura de ti, à procura de tu. E eu não posso acompanhá-la... Voltas?

Sunday, July 13, 2008

De onde apareceste tu que não te vi chegar?

Tuesday, July 08, 2008

Até ao fim do fim

Mas sempre que te vir eu vou sofrer

E sempre que te ouvir eu vou calar

Cada vez que chegares eu vou fugir

Mas mesmo assim amor eu vou-te amar

Até ao fim do fim eu vou-te amar

Ana Moura
Não te sei há meses. Não te sei há tempo tão longínquo, distante que o que te soube já não sabe a nada. Na boca fica apenas o sabor de saber que te tive por instantes. Não te sei há tanto tempo que já não consigo lembrar-me como era quando te sabia. Quando te encontrava onde esperava, quando desejava encontrar-te. Te buscava. E agora nada. Não sei de ti e não te quero saber. Não quero o teu sabor, teu cheiro. Tuas palavras, gestos. E a cada nota fujo de ti. Não te sei e não te quero saber. Repito-o na convicção de um dia melhor. Na esperança de uma crença tornada realidade. Se minto...
Tens razão, sempre tiveste razão. Em cada canto de mim procuro o teu círculo. Procuro a perfeição de ti que eu sempre imaginei e desejei e quis. Procuro saber de ti e sofro por não haver nada de ti que me possa dizer respeito. Choro por cada lágrima que já deixei cair, por cada acto transacto estúpido que me levou para sempre. Não sei hoje de ti. Não o soube ontem. Não o saberei amanhã. Não mais saberei. Mas até ao fim do fim eu vou...