Sunday, August 24, 2008

Zorro, agora já sei como acabou.

Talvez um dia

O que tu não consegues perceber é que eu nunca fiz isto com ninguém. o que não consegues perceber é que se o faço contigo é porque gosto de ti. O que tu não consegues perceber é que é por isso que me magoa que não acredites em mim. O que não consegues perceber é a gravidade do que se passa em mim. Talvez um dia.
Pois... Talvez seja também difícil para ti. Talvez seja. Eu acredito em ti, ao contrário de ti. Mas não podes sequer pensar que será menos difícil para mim. E não me peças para explicar o porquê porque não o sei. Se o soubesse já te tinha dito e já teria uma vida normal há muito tempo. Mas sempre te disse que não era uma pessoa normal. O erro foi teu, por não acreditares.
E agora que me pedes que te diga o que me preocupa, agora posso dizer-te, se quiseres... Mas só agora que não te vejo, que não te toco nem me tocas. Tenho medo da dor, do frio, da recusa. Tenho medo que aquilo que tu vês aqui não seja o mesmo que eu sinto, percebes? Tenho medo que o teu calor não seja para mim e eu o sinta por engano. Tenho medo que as tuas palavras não sejam minhas e que as minhas nunca saiam de dentro de mim. Tenho medo de te querer demais. Tenho medo de te desejar demais e não conseguir fazer o que supostamente me crês capaz... Tenho medo, tanto medo, que nunca o poderás compreender, por mais que tentes (não sei se vais tentar). Tenho tanto medo que essa ternura que sinto se transforme uma vez mais em.... algo, nem sei o nome. E tenho medo que os teus versos não sejam iguais aos meus. E sobretudo, tenho medo de te perder.

Tuesday, August 19, 2008

Zorro




Eu quero
Marcar o Z dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
P'ra te salvar à beirinha do fim

Depois,
Num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
e adormecer contigo ao pé de mim

Eu quero
Ser para ti a camisola dez
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção

Se assim,
Faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha última jogada
E marco um golo com a minha mão

Eu quero
Passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar como é que conseguiu

Eu puxo
Da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
Foi fácil ela é que pediu


Luís Represas
Chegaste depressa, depressa. Era um dia em que eu estava perdida nestas coisas e não reparei que entravas, talvez por seres tão rápido. Eu imaginava paisagens distintas, outras vidas que não eram minhas e temia como quem teme a morte. Deixei-te entrar sem perceber como e quando reparei já eras parte de mim. Já te procurava durante a noite, já te queria durante o dia. Nessa loucura deixei-me ir e areditei que sim. Que nunca me senti assim, que nunca tinha havido este fogo na minha pele. Mais do que isso, acreditei que também na tua ardiam gestos em silêncio que eu tinha de preencher. Acreditei que as flores desabrochavam no campo e a relva era mais verde do que nunca. Acreditei que não conseguia parar de sorrir porque o meu cérebro tinha perdido o comando sobre estes músculos. Acreditei que tudo era tão perfeito que estava sempre à espreita para perceber como iria terminar. Quando atravessava a rua pensava sempre no autocarro que me iria atropelar e acabar com esta felicidade. Imaginava a doença que me ia matar violentamente antes dos trinta e que não me deixaria viver o meu Zorro como eu queria. E sempre que olhava no espelho eu via nele uma pessoa que não era eu. Via o sorriso, a felicidade, o brilho nos olhos. Nunca pensei que pudesse ser eu a estragá-lo, com tanto que te queria.
Dei-me a ti porque o queria. Porque só pensava em ti. Porque só queria estar contigo. Porque te desejava. Porque te imaginava juntinho a mim. Porque te acreditei o meu Zorro.
E hoje quando acordei o céu não estava tão azul como eu o tinha visto nos dias anteriores, o Sol não brilhava tanto, as pessoas não sorriam. Hoje quando acordei havia uma nuvem de tormenta sobre mim. E eu não consegui livrar-me dela. Tenho-a junto a mim e quando a aperto sinto uma dor tão forte, não sei bem dizer onde... Talvez aqui no lado esquerdo... É uma dor que aperta tanto e tão forte que me impede de respirar. E é nos momentos de lucidez que ela dói mais, ao pensar que foi por tanto te querer que te perdi.

Thursday, August 07, 2008

Vira volta

O que é um beijo? Nada. Dois, três...? Não muda nada. São duas bocas, duas línguas, quatro lábios. E um toque? Duas mãos suaves que se amam sem saber. Apenas por um momento. O que muda quando dois corpos se conhecem, sem se conhecerem de facto?? O que muda quando dois eus que são um eu e um tu se cruzam para lá do hábito, para lá do obvio, para lá do previsível e no meio dessa loucura nem se apercebem de tudo o que pode surgir daí...? Ou de tudo o que pode ter um fim para algo que nunca teve começo. Que voltas dou? Que voltas dá a vida? Porque me importo ao imaginar-te a compartilhar com outra pessoa aquilo que partilhamos durante a nossa insanidade??