Zorro
Eu quero
Marcar o Z dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
P'ra te salvar à beirinha do fim
Depois,
Num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
e adormecer contigo ao pé de mim
Eu quero
Ser para ti a camisola dez
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção
Se assim,
Faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha última jogada
E marco um golo com a minha mão
Eu quero
Passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar como é que conseguiu
Eu puxo
Da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
Foi fácil ela é que pediu
Luís Represas
Chegaste depressa, depressa. Era um dia em que eu estava perdida nestas coisas e não reparei que entravas, talvez por seres tão rápido. Eu imaginava paisagens distintas, outras vidas que não eram minhas e temia como quem teme a morte. Deixei-te entrar sem perceber como e quando reparei já eras parte de mim. Já te procurava durante a noite, já te queria durante o dia. Nessa loucura deixei-me ir e areditei que sim. Que nunca me senti assim, que nunca tinha havido este fogo na minha pele. Mais do que isso, acreditei que também na tua ardiam gestos em silêncio que eu tinha de preencher. Acreditei que as flores desabrochavam no campo e a relva era mais verde do que nunca. Acreditei que não conseguia parar de sorrir porque o meu cérebro tinha perdido o comando sobre estes músculos. Acreditei que tudo era tão perfeito que estava sempre à espreita para perceber como iria terminar. Quando atravessava a rua pensava sempre no autocarro que me iria atropelar e acabar com esta felicidade. Imaginava a doença que me ia matar violentamente antes dos trinta e que não me deixaria viver o meu Zorro como eu queria. E sempre que olhava no espelho eu via nele uma pessoa que não era eu. Via o sorriso, a felicidade, o brilho nos olhos. Nunca pensei que pudesse ser eu a estragá-lo, com tanto que te queria.
Dei-me a ti porque o queria. Porque só pensava em ti. Porque só queria estar contigo. Porque te desejava. Porque te imaginava juntinho a mim. Porque te acreditei o meu Zorro.
E hoje quando acordei o céu não estava tão azul como eu o tinha visto nos dias anteriores, o Sol não brilhava tanto, as pessoas não sorriam. Hoje quando acordei havia uma nuvem de tormenta sobre mim. E eu não consegui livrar-me dela. Tenho-a junto a mim e quando a aperto sinto uma dor tão forte, não sei bem dizer onde... Talvez aqui no lado esquerdo... É uma dor que aperta tanto e tão forte que me impede de respirar. E é nos momentos de lucidez que ela dói mais, ao pensar que foi por tanto te querer que te perdi.
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