Sunday, June 14, 2009

Meu velho vício de sonhar

Fecho os olhos. Há ruas à minha frente. Nelas vagueio, nelas me perco. Há gente que me segue e gente a quem eu sigo. Há pessoas que se cruzam na minha frente, que vêm na minha direcção, que me corroem nas entranhas. Há gente que me inunda, que me enche, que me transborda. Há gente que já não faz sentido e gente que ainda tem muito para dar. Há gente que me olha, gente que me avalia, que me diz sim ou não. Há gente de todas as cores, de todos os feitios. Gente com sorrisos, gente que chora. Gente que pede para comer. Gente que pede para beber. Gente que pede só porque sim. Gente que entra na alma. Gente que não se esquece. Gente que fica para sempre aqui.
Sigo por esta rua ou por aquela. Uma ou outra direcção me levam ao mesmo caminho - tu. À luz da lua o escuro não parece tão escuro. O medo de fracassar não parece tão intenso (nem o medo). Não sei quem tu és, nem por que ruas caminhas. Não sei por onde. Mas esta rua não é, seguramente, a tua. Nem a minha. Somos de ruas diferentes, praças distintas, avenidas paralelas que nunca se cruzarão, por maior que seja o caminho.
Não. Não existirá nunca um vazio para preencher. Não deixarei que alguma vez o passado se repita uma vez mais. Agora sou eu e eu. Não voltarei a sentir jamais a falta do que nunca tive. E nas noites em que o desejo for mais forte, só me resta o velho vício de sonhar. Fechar os olhos e esquecer o real, deixar que apenas aquele mundo mágico habite em mim. E acreditar no amanhã. Sonhar e sonhar e reabrir os olhos e fazer de conta que este mundo é real. Abrir os olhos como o faço agora. E pôr o ponto final

1 Comments:

Blogger ana_oliveira said...

"avenidas paralelas que nunca se cruzarão, por maior que seja o caminho." :)

Almacinha... gostei muito.

(mas até as paralelas se podem cruzar, desde que o 'ponto' de ligação seja suficientemente grande!)

Bue beijinhos

12:04 AM  

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