"Que me faz querer tanto ter-te aqui"
Por um momento, consigo sentir o teu cheiro como se estivesses aqui comigo. Por um momento breve, fugaz, uma loucura. Por um momento sinto-te aqui tão perto. Olho-nos e revejo tudo e imagino tudo outra vez... Não percebo de onde vem esta insanidade que te deseja, não sei de onde parte esta demência de te querer. Só sei que chega, cada vez mais cedo, a cada minuto mais. Tu. Apenas tu para sentir a vida mais viva. Tu, uma e outra vez para reconhcer em cada palavra o teu olhar. Tu. Em cada gesto rever o teu sorriso. Penso. Cada vez maior este vazio que me enche. Busco nas paredes que me aprisionam as janelas que me irão levar até ti. Penso nas portas que se fecharam e nas que voltei a abrir por saudade do passado. Penso em tudo o que mudaria só porque sim, se assim o quisesses. Que me faz querer tanto ter-te aqui? A resposta em cada letra. A resposta em cada nota de música, em cada acorde que entoa este cântico de ti, feito para ti e sobre ti, hoje, sempre e para todo o sempre. Instante inseguro da minha devassidão. Da minha insensatez, do desejo que me confude e do amor que não sei se sinto. No resumo estudado dos dias que passaram, revejo em ti o sonho que não o foi. A realidade que se alcançou apenas por um instante. E é nestes momentos em que te sinto mais comigo, mais presente, mais aqui, mas menos meu, nesses momentos busco no fundo da mala a última recordação que a memória me permitiu alcançar... "Arrepias-me..." Não fujas, não fujas. Eu não queria que sentisses assim... Aproximei-me apenas para te mostrar, não que sabia voar, mas que quando estou contigo as minhas asas crescem mais e mais e os meus braços enredam-se no teu pescoço sem que o possa evitar. E em cada instante a minha boca deseja a tua, mas não a procura, porque a recusa seria a dor suprema. A mortalha de uma vida despojada de tudo e de nada, mas contigo cada vez mais perto e mais fundo. Contigo a esmagar-me cada vez mais o coração com essas coisas que não sei o que são e que não compreendo. Há apenas em mim um passado e um futuro. E a vontade de o partilhar contigo é demasiado grande para me fazer compensar a dor de não partilhar a tua pessoa desde sempre. A raiva de não te ter desde o princípio nem nunca.
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