Tuesday, August 17, 2010

Tela

Procuro no álbum de fotos da memória uma imagem. Passo as páginas uma a uma da frente para trás e de trás para a frente. Encontro. No meio dos restos da vida, a tua foto ocupa uma página inteira.
Eras verde. Eras tão verde que parecias feito das próprias árvores. Eras um arbusto plantado no meio de uma praia vazia.
Eras branco. Porque a forma como desviavas o olhar e sorrias era tão infantil, que nela consegui ver a alvura da tua alma.
Eras azul. De um azul intenso, uma cor que só o mar (reflectindo o azul do céu) pode ter. Ou uma cor que apenas o céu (reflectindo o azul do mar) pode ter.
Eras castanho. Da cor dos troncos secos das árvores. Da cor da tua roupa. Da cor do teu cabelo. Da cor dos teus olhos.
Eras vermelho. Porque nesse sorriso de criança, encontrei um demónio que não podia combater e que vivia dentro de mim.

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