Peça para quatro
Uma noite com Lua. Como uma qualquer outra noite com Lua. Uma única diferença: a Música. Existiam apenas duas certezas fundamentais. O Tu e o Eu. Nesta noite em que a Música era diferente, Tu decidiu ir mais longe nas ruas do seu próprio destino. Tu vestiu-se e perfumou-se. Saiu de casa sem perceber porque se sentia diferente naquela noite em que a Lua parecia tão igual a sempre. Só depois reparou na Música. Cruzou uma rua e outra. Cruzou praças e avenidas e todos os locais lhe pareciam iguais, mas estranhamente diferentes. Chegou a um largo deserto (a Música tinha ficado para trás, cansada que estava da caminhada nocturna) e viu Eu sentada num banco. Eu olho-o de longe, já sabendo que não conseguiria fugir. Sabendo que mais uma vez iria ceder. Tu aproximou-se de Eu e abraçou-a. Não havia nada a fazer... Mais uma vez ia deixar-se envolver por braços que não devia. Mais uma vez ia beijar lábios que desejava mas não devia beijar. O silêncio tocava agora mais alto do que a Música conseguira. Era uma questão de segundos. Tu aproximou-se mais. Eu estendeu-lhe a face. Os seus lábios uniram-se. E a Lua, que assistia a tudo, proclamou: não separe o Homem o que a Lua uniu.
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